Tamikuã Pataxó denuncia invasão de território e comunidade indígena está em alerta máximo
Homens armados estão tentando invadir a comunidade indígena na Aldeia Tibá. Mulheres pataxós em alerta.
A comunidade indígena de Tamikuã Pataxó, da Aldeia Tibá, localizada dentro do Parque Nacional do Descobrimento, em Prado/BA, realiza um trabalho junto aos turistas, apresentando um Turismo mais Sustentável e regenerativo, mas está enfrentando um sério problema.
Nos últimos dias, invasores começaram a degradar o espaço da comunidade Pataxó, que de acordo com Tamikuã são terras protegidas pelos indígenas, mas que ainda aguarda a homologação do estado.
A vida dos indígenas não é fácil “e a cada dia, nosso território é invadido”, comenta Tamikuã Pataxó que é artesã, ceramista, pedagoga, licenciada em ciências pela UFMG, pós graduada em Educação Escolar Indígena e que trabalha como professora no Colégio Estadual Indígena Kijetxawê Zabelê, além de ser modista e trabalhar com o turismo regenerativo.
Tamikuã Pataxó
A comunidade indígena pataxó, pode ser acompanhada pelo instagram no @aldeia_tiba e até segundo Tamikuã, é uma Terra Indígena Comexatiba (Cahy-Pequi) é uma terra indígena, localizada no sul do estado da Bahia, que compreende uma área de aproximadamente 28.159,86 hectares no município de Prado, e que fica a aproximadamente 200 km de Porto Seguro.
Segundo Tamikuã, as terras sofrem invasões frequentes devido "ainda não terem sido homologadas, apesar de já ter sido inscrita no diário oficial. E por ser uma área sobreposta ao INCRA, fica um jogo de empurra das autoridades locais, com nosso grupo indígena no meio dessa luta”.
E na útlima semana, Tamikuá recebeu uma denúncia que grileiros estavam tentando invadir a área. "O território Comitexibá é um dos territórios mais contestados do Brasil. E, no último dia 21 de outubro, fomos alertadas da invasão e as mulheres Pataxós foram obrigadas a entrar em ação para proteger seu território e fazer uma autodemarcação. Eles estavam retirando areia do nosso espaço e derrubando os cajueiros. E existem vereadores invadindo nossa área, para construir casas e loteamento. Agora, que entramos nessa luta não vamos parar”, desabafa.
E faz uma grave denúncia, “Há uma semana estamos cuidando da área. Percebemos muito descarte de lixo, destruição das nascentes e hoje notamos a presença de homens encapuzados que chegaram nos ameaçando, com armas nas mãos. Chamamos a polícia e eles nos atenderam e levaram os homens embora. Mas, diante da morosidade da justiça e do jogo de empurra das autoridades locais, que afirmam que esse é um problema do INCRA, resolvemos fazer a autodemarcação da área e estamos monitorando a área, além de pedir socorro ao governo federal. Estamos enfrentando risco de vida, além do meio ambiente e as nascentes estarem sendo destruídas pelo homem. Precisamos que nos olhem com carinho. Só queremos paz e ajudar a salvar o meio ambiente. A mãe terra pede socorro e não podemos ficar quietos", desabafa.
Tamikuã também falou do forte preconceito que os indígenas enfrentam. “No Brasil somos em 305 povos e falamos aproximadamente 274 linguas. Estamos mais concentrados na região Norte e Nordeste do país. Além do cuidado que temos com a mãe terra, estamos realizando o reflorestamento e recuperação das nascentes. Precisamos de ajuda, principalmente das autoridades locais, do governo federal e do INCRA, como também incentivo para as nossas Associações indígenas”.
POVOS INDIGENAS NO APOIO A ALDEIA TIBA
Diante da grave situação enfrentada pelas mulheres pataxós, povos indígenas estão vindo ao seu auxílio.
E Tamikuá pede apoio da comunidade local. “Estamos aguardando a chegada de alguns parentes de outras aldeias, e vamos precisar muito da ajuda com alimentação. Precisamos recepcionar nossos parentes e como estamos há uma semana fazendo comida no local da autodemarcação, não estamos conseguindo caçar e pescar. Graças a Deus conseguimos ajuda com o coletivo de mulheres de Cumuru, mas, vamos precisar do apoio de toda comunidade e das autoridades local, estadual e federal, visto que existem vereadores invadindo nosso espaço e temos que combater essa situação. Isso é um absurdo, mas, infelizmente está acontecendo”, finaliza.
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