Socorro é exemplo de geração de emprego e renda através do turismo
"Se unam, se todos trabalharem juntos, se os empresários se unirem com o poder público, as coisas dão certo. As coisas acontecem. E com certeza, esse é o caminho e o depoimento que eu posso deixar. A gente está nesse caminho há vinte e oito anos, com um Conselho atuante que deu certo. Funcionou tanto que nós saímos de cem mil turistas para um milhão e meio de turistas, de forma organizada”, garante Jaqueline Franco.

A Rota do Turismo entrevistou Jaqueline Franco, que hoje está como presidente do COMTUR – Conselho Municipal do Turismo de Socorro, como também é a Diretora Executiva dos Hotéis Fazenda Rede dos Sonhos, um completo hoteleiro que reune, lazer, aventura, esporte e muita acessibilidade.
Nessa entrevista, Jaqueline explica como foi o processo de fundação do COMTUR e a importância do poder público atuante nesse processo.
Vej a seguir a entrevista completa, por vídeo ou leitura.
Jaqueline Franco: Hoje, a gente tem meios de hospedagem, aventura, parques, turismo rural, turismo de compras. E recentemente criamos a cadeira de aluguéis de temporada.Porque não dá para dizer que o Airbnb não faz parte do cenário. Além disso, nós temos uma Associação de Turismo na cidade, além da Associação Comercial. Como também temos a cadeira do meio ambiente, a cadeira dos artistas e dos artesãos. No total, são vinte e três cadeiras.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: A urbanização está dentro do COMTUR?
Jaqueline Franco: Entra como Desenvolvimento econômico e meio ambiente. Além da educação, turismo e cultura. Das vinte e três representações, cinco representações são do poder público e dezoito representações da iniciativa privada. É assim que está dividido nosso Conselho, hoje.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Ou seja, é um terço do poder público e dois terços do privado. Seria isso?
Jaqueline Franco: Exatamente.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: O COMTUR de Socorro, além de deliberativo, consultivo, também é fiscalizador?
Jaqueline Franco: Exatamente. Ele é consultivo, deliberativo e fiscalizador. As três coisas.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: E hoje, Socorro já não é, apenas, uma cidade dormitório, mas sim, uma estância turística. O que isso representa dentro do mapa do turismo brasileiro e para a população de Socorro?
Jaqueline Franco: Bom, para a gente fazer parte desse grupo seleto de cidades de estâncias é uma honra. Mas, somos estância desde 1945, quando começamos como estância sanitária, depois em 1978 mudou para estância mineral. Mas, o fato de ter o título de estância não significou nada até 1997, pois não tinhamos um produto turístico, formatado, dentro da cidade.
O que é importante trazer, é que não basta apenas ter o título, mas, a gente precisa fazer a coisa acontecer na cidade.
E hoje, para nós, ser estância turística é muito importante. Sabe por quê? Conseguimos fazer parte de um grupo menor dentro do estado de São Paulo, de cidades onde todos pensam o turismo. Tanto que temos associações pensando o turismo conosco. Isso nos ajuda, além de que, no estado de São Paulo, temoa o Dadetur - Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Municípios Turísticos do Estado de São Paulo, que é um diferencial para as cidades, que recebem verbas, anualmente, para poder investir em infraestrutura turística. E isso é muito importante para conseguirmos atender melhor o turista.
Outra coisa que é muito importante, é fazermos parte de um circuito turístico estruturado, dentro do turismo do Estado, porque aí começamos a falar de regionalização e estruturação do turismo e conseguir aumentar o tempo de permanência do turista na nossa região e, consequentemente, aumentar o resultado desse turista em toda a região.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Ou seja, a cidade precisa se fortalecer como região para conquistar o sucesso. Ninguém vence sozinho. É isso, Jaqueline?
Jaqueline Franco: Com certeza.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Inclusive entre o poder público com o privado, existe essa união? Ou existe uma concorrência?
Jaqueline Franco: Não, a gente trabalha junto, estamos estruturados, com o Conselho Municipal de Turismo. Além do Conselho, também temos uma associação de turismo, a ASTUR - Associação de Turismo de Socorro. E, qual que é a função dessa associação? A gente brinca que ela é o braço executivo do COMTUR. Então, dentro dessa associação, a gente tem uma gerência executiva que é a secretária Executiva do COMTUR, que é responsável por implantar todas as ações que a gente define dentro do Conselho. Então, definimos algo dentro da reunião do Conselho e essa associação tem a função de fazer com que essa ação aconteça. Com isso, paralelamente, temos a associação comercial da cidade que trabalha muito próxima conosco. Por quê? Porque ela é o nosso elo de ligação com o restante da economia da cidade, que também é beneficiada pelo turismo, que também faz parte, do nosso elo de ligação com todo o sistema S – Sebrae, Senac, Sesi, para podermos ter a capacitação para o nosso pessoal.
E junto com isso, a gente trabalha com a Prefeitura Municipal, principalmente, através da secretaria de turismo, porque juntos, definimos as políticas públicas que são importantes para o nosso destino e para poder trabalhar e fazer as ações conjuntas.
Hoje, temos um quadripé, com quatro partes (COMTUR, ASTUR, ACE e Prefeitura), que unidas fazem o turismo acontecer em Socorro. E, se uma parte fizer mais do que a outra, não funciona, não vai dar certo.
E além disso, a gente tem um acordo com o poder público de Socoro, através de um Fundo Municipal de Turismo, que é administrado pelo COMTUR. Nosso acordo é que a cada um real de dinheiro público que o município colocar no nosso fundo, os empresários colocam de um a dois reais.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Ah, perfeito!
Jaqueline Franco: Juntos, nós trabalhamos e as ações acontecem dentro de Socorro.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Seria uma captação de recursos através do imposto de renda. Algo parecido com isso ou não?
Jaqueline Franco: Não! Na verdade, o que a gente faz é que o empresário paga uma mensalidade para a associação.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: O empresário de Socorro paga essa mensalidade?
Jaqueline Franco: Isso mesmo, paga uma mensalidade para a ASTUR. E aí juntamos esse dinheiro ao fundo para poder organizar as ações e ter dinheiro para fazer as atividades. Além disso, acreditamos que em Socorro, não cabe ao poder público administrar os locais turísticos. Então, até mesmo os parques públicos, a gente faz concessões. E uma das concessões feitas é a do Mirante do Cristo, onde dentro do mirante temos um empório, administrado pela Associação de Empresários do Turismo.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Legal.
Jaqueline Franco: E dentro desse empório, a gente coloca todos os produtos do turismo rural e artesanato local.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Socorro já tem uma identidade cultural? Qual o prato gastronômico de Socorro e artesanato local?
Jaqueline Franco: O prato é o frango com polenta, porque a gente tem uma tradição muito forte da nossa colonização, que foi italiana e portuguesa. Então, nosso prato típico é o frango com polenta. E o nosso artesanato típico chama renda Nhanduti, uma espécie de bordado que são pequenos círculos, pequenas esferas circulares, onde a gente vai cruzando as linhas para formar desenhos. E depois vem bordando nesses cruzamentos de linha.
Temos desde peças bem pequenininhas até quadros enormes feitos com nhanduti, como também: roupas, bolsas etc. Esse é o nosso principal artesanato, típico da cidade.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Ou seja, vocês conseguiram unir toda a população que hoje respira o turismo.
Jaqueline Franco: Sim, hoje Socorro é uma cidade com economia diversa. E nós temos três pilares principais: o turismo, a agricultura e o comércio, principalmente, as malharias. Quando a gente fala desse terceiro pilar, Socorro que sempre foi uma cidade agrícola em que tínhamos a agricultura como principal pilar, hoje o turismo já divide espaço com a agricultura.
Socorro, é uma cidade que não tem grandes propriedades, não tem latifúndios, mas sim, pequenas propriedades e muitas delas estão se abrindo para o turismo rural. E mesmo as que não estão abrindo, a gente tem feito um trabalho para diminuir a distância da produção com o restaurante, consumidor final. Por isso, temos um projeto que denominamos em Socorro como Destino eco gastronômico, que tem a função de fazer com que o proprietário do restaurante compre direto do produtor rural, sem intermediário, porque a gente consegue a rastreabilidade do produto e melhora a economia da cidade e a renda do produtor rural. Então esses trabalhos são muito importantes para nós aqui.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Você tem um levantamento, Jack, do quanto o turismo favoreceu à cidade, principalmente, referente a geração de emprego e renda?
Jaqueline Franco: Olha, hoje, a gente já fala de mais de duas mil pessoas, diretamente empregadas, no turismo na cidade, entre parques, hotéis, restaurantes. E além disso, o que foi muito legal para nós é que conseguimos fixar o jovem na cidade. O nosso êxodo rural diminuiu muito.
Isso porque o jovem, filho do agricultor, não queria ter uma vida igual à que o pai teve na roça, com o trabalho braçal. Mas, ele viu no turismo uma possibilidade de melhorar a renda da família e de permanecer no local sem precisar ir para outra cidade e sem precisar ir para outra região. Então, hoje a gente já consegue colher e ver esses frutos, sim.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Que delícia seu depoimento, Jack, porque a Rota do Turismo, nasceu com esse objetivo, eliminar o êxodo rural dos jovens para ir atrás de trabalho nas capitais ou nas microrregiões. E, por outro lado, mostrar que o turismo sim, gera emprego e renda. E nesses quatro anos trabalhando e tentando unir a comunicação, com todo o trade turístico: tais como: gestor público, com empresário e, principalmente, com o turista, comecei a pensar: será que eu estou no caminho certo? E agora estou vendo que sim, porque é a união de forças que fortalece o Trade turístico. Sem esquecer nosso público principal, o turista, afinal é ele que traz os resultados para os nossos municípios!
Jaqueline Franco: Com certeza. É isso mesmo.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Estou muito feliz. E você falou que antigamente socorro era uma cidade dormitório, hoje, a sua região se tornou dormitório de Socorro?
Jaqueline Franco: Olha, a gente fala que somos completos, enquanto região que faz parte do circuito das águas. E Socorro é a cidade que mais tem opções de turismo de natureza. Tem muita gente que se hospeda nas cidades vizinhas e vem passar o dia em Socorro para poder aproveitar nossos parques, cachoeiras e vivenciar as atividades dos nossos hotéis.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Inclusive o turismo de acessibilidade? Esse tem sido o diferencial de Socorro?
Jaqueline Franco: Isso. Com certeza é o nosso diferencial competitivo. O fato de nós termos as atividades de aventura adaptadas para as pessoas com deficiência, com certeza é um grande diferencial para nós aqui. E principalmente, porque quando a gente fala do turismo acessível a gente pensa muito na pessoa com deficiência e não é só para a pessoa com deficiência, mas também para todos que enfrentam a mobilidade reduzida, que incluem carrinho de bebê, os acidentados que estão com alguma deficiência temporária, gesso, gestantes e idosos.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Lembrando que o Brasil está envelhecendo, né?
Jaqueline Franco: Com certeza. E a gente espera viver muito. E com certeza, nós todos iremos precisar de algumas coisas de acessibilidade para facilitar o nosso dia a dia.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Bom, eu estou muito feliz. Recentemente, fui eleita como presidente do Comtur Sertãozinho e tive o privilégio de conhece-la, num trabalho do Sebrae com todos os gestores.
E você foi um case de sucesso. Espero contar com o seu apoio, porque como jornalista, a gente sabe como fiscalizar, consultar e deliberar bonitinho. Mas, tem muitas coisas entre o poder público e privado, que precisamos consultar quem tem mais experiência. Posso contar com o seu apoio?
Jaqueline Franco: Com certeza Adriana. Não só o meu apoio enquanto Jaqueline, mas com o COMTUR de Socorro. Pode contar com nossa cidade e nosso destino. Tenho certeza de que o que pudermos fazer para trocar experiências e fazer as coisas acontecerem, estámos à disposição.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: E aproveito para te convidar a conhecer Sertãozinho. Já conhece nossa cidade?
Jaqueline Franco: Não conheço. Não conheço Sertãozinho, mas eu vou, com certeza!
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: São aproximadamente, vinte quilômetros de Ribeirão Preto. Quando você conhecer vai ficar surpresa, porque o nome é pequenininho, mas a cidade tem um grande potencial. E uma das feiras é reconhecida internacionalmente, a Fenasucro e Agrocana. Antes a cidade só trabalhava a cultura da cana de açúcar, mas, de 2018 para cá, nós começamos a colocar mais ovos dentro da cesta, e o turismo foi um dos nossos diferenciais. Então, hoje a cidade está crescendo no turismo e tenho um grande carinho por esse novo segmento. Então seja muito bem-vinda a nossa cidade.
Jaqueline Franco: Com certeza. Em breve eu irei visitar.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Tem mais alguma informação que você gostaria de estar nos falando sobre o que o turismo proporcionou a Socorro e sua experiência para outros municípios?
Jaqueline Franco: Eu gostaria de deixar uma mensagem para que todos se unam, se todos trabalharem juntos, se os empresários se unirem com o poder público, as coisas dão certo. As coisas acontecem. E com certeza, esse é o caminho e o depoimento que eu posso deixar. A gente está nesse caminho há vinte e oito anos, com um Conselho atuante que deu certo.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Muito obrigada, Jaqueline. Desejo todo o sucesso do mundo para você. Estamos fazendo a lição de casa.
Jaqueline Franco: Com certeza.
Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Vamos fazer com que o turismo brasileiro expanda, principalmente, o turismo regional brasileiro. Muito obrigada pelo seu tempo e por sua dedicação. Um abraço em todas as pessoas de Socorro. E aguardo você aqui para tomar um cafezinho ou uma garapa. Porque somos a cidade da cana-de-açúcar.
Jaqueline Franco: Muito obrigada. Com certeza eu irei sim. Obrigada.
Conheça um dos hoteis administrados por Jaqueline Franco, em Socorro.
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