Cuidados com a saúde mental revoluciona vida pessoal e profissional  

A Rota do Turismo convidou a psicanalista e impulsionadora de crescimento profissional, Marlene Maytorena, para falar se o autoconhecimento é o melhor remédio para lidar com os problemas cotidianos e, se na realidade, somos o que pensamos ou não tem nada a  ver.

Fev 4, 2025 - 21:01
Fev 5, 2025 - 07:15
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Cuidados com a saúde mental revoluciona vida pessoal e profissional   
Autoconhecimento é o melhor remédio

Na última segunda-feira, 3 de fevereiro, a psicanalista Marlene Maytorena foi a convidada do Podcast Rota do Turismo para falar sobre saúde mental e como vencer os desafios da vida.

Com foco no janeiro Branco a psicanalista informou que o autoconhecimento é essencial na vida do ser humano.

Mas antes, fez sua apresentação e explicou como uma engenheira fez a troca da sua carreira para a psicanálise.

 

E se você tem no seu vocabulário frases iguais do desenho animado Lippy & Hard, uma série de 1962, produzida por Hanna Barbera, uma hiena que vivia reclamando, “Oh céus, oh vida, oh azar, isso não vai dar certo!”, precisa assistir essa entrevista urgente e ficar ligado nesse pontos abaixo.

 

 

Segundo Marlene Maytorena, a psicanálise tem um diferencial da psicologia e fazer a escolha passou por um processo.

Com o pai formando em engenharia, praticamente sua carreira já estava definida, mas, ao ganhar uma maleta de médico, sua escolha foi imediata. “Quero ser neurocirugiã”. “Eu acabei sendo convidada a trabalhar em outras áreas e começou a minha peregrinação pela empresa, porque eu comecei a ter a minha carreira generalista. Saí de lá, fui para a área de compras, depois para a logística. Depois, eu fui promovida na área de planejamento estratégico e corporativo. E como essa área era relacionada à presidência, eu comecei a ter uma visão um pouquinho mais ampla dentro da empresa. E aí comecei os projetos estratégicos da empresa, sempre com projetos grandes e corporativos, lidando com presidência, vice-presidentes e tudo mais. E chegou um momento que eu tive carreira internacional. E nesse mesmo momento, uma amiga estava pensando na carreira B, no plano B da carreira dela. Ela me convidou para estudar psicanálise e eu gostei, porque foi ao encontro do que eu tinha como objetivo, entender mais o comportamento humano. Então você imagina uma engenheira superracional, objetiva, fazer psicanálise. Me deparei com o meu inconsciente”.

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Eu tenho certeza que muitas vezes você falou, mas o que eu estou fazendo? Eu sou engenheira e eu estou em compras. Eu estou em logísticas. Aonde que eu vou? Eu acho que tem uma pulguinha que fica mexendo com o nosso inconsciente ou não.

Marlene Maytorena: Certamente, Adriana, para você ter uma ideia, hoje eu entendo a minha peregrinação, mas essa minha peregrinação, teve um começo. Quando eu era pequena, digo oito, dez anos de idade, eu queria ser médica neurocirurgiã, então eu não sei de onde eu tirei essa ideia. A única coisa que eu sabia é que eu queria mexer com o órgão mais importante do nosso corpo, o cérebro, o último que é desligado. Então você imagina sair dessa medicina da neurocirurgia e ir para a psicanálise. Quer dizer, de alguma forma, o destino brincou comigo porque eu não deixo de lidar com o órgão mais importante, mas não no aspecto fisiológico. Mas, no aspecto emocional.

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Você se sente realizada ou não? Ou, você ainda está com aquele bichinho te cutucando para descobrir algo mais?

Marlene Maytorena: Olha, Adriana, eu não sei como veio a ideia da medicina aos oito, nove anos. Eu só me lembro que eu ganhei um brinquedo do meu pai, que tinha um estetoscópio, um bisturi e uns vasinhos. Tudo muito interessante, né?

 

Meu pai engenheiro e minha mãe era dona de casa, então, essa ideia, eu não sei. Não me lembro como foi. Só que sempre fui muito determinada. Eu sabia exatamente que era medicina, que era neurocirurgia e eu fiz toda a minha carreira. Na época do ensino técnico, eu fiz Análise biológica. E eu fiz o meu caminho para ser médica. Eu acho que nós temos que viver, até encontrar nosso propósito. Ou, esse encontro pode vir enquanto nós estamos vivendo. Então para essas pessoas que não fazem nada, por que dizem que precisam se encontrar, deixa de fazer coisas. Para depois descobrir que não é bem o que queria. Eu acho que a gente precisa de tudo para chegar onde nós queremos. Aí vai um recado para as pessoas:  não desistam dos cursos. Por exemplo, eu fiz engenharia, eu não desisti no meio do caminho, até porque era o que eu queria. Mas, às vezes uma pessoa fala assim. Ai... faltou um ano para terminar minha faculdade e eu deixei de fazer. Eu parei no meio. E aí vai deixando pedacinhos na vida. E hoje, eu tenho plena certeza, de que o que sou hoje é um resultado dos vários caminhos que eu trilhei, na minha vida profissional. Cada parte dela foi fundamental. E para eu chegar onde eu cheguei e ser quem sou agora, foi importante não ter desistido no meio do caminho.

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: E para não desistir. O autoconhecimento é o melhor remédio.

Marlene Maytorena: É fundamental. E o autoconhecimento não é só para não desistir, mas é para você não sofrer também. Durante esse caminho, para você ser mais produtivo, ter o melhor desempenho, criar melhores relacionamentos, tudo isso você ganha com autoconhecimento. E isso, Adriana, eu só fui descobrir lá na frente. Porque a gente vai se questionando.

E o processo da psicanálise é um processo de perguntas e, na verdade, é um processo investigativo sobre você mesmo. A gente não consegue fazer esse negócio sozinho. Por isso, é preciso um terapeuta para nos tirar desse círculo vicioso, de perguntas e respostas, que às vezes não nos levam a nenhum lugar e só nos fazem perder tempo.

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Marlene, no passado não tínhamos a facilidade de hoje. Eu falo por mim. E eu acredito que você também. Na minha infância, quando você falava de qualquer neuro, a turma já vinha com bullying, te achavam louca. Você está com um problema mental. Você está doida? Hoje não, temos a ajuda da ciência para nos ensinar a nos descobrir. E temos a facilidade de buscar esse profissional, sem nenhuma taxação disso ou daquilo. Com você, foi assim também? E como que você analisa, os jovens estão buscando essa facilidade, ou, ainda, existe aquela resistência?

Marlene Maytorena: Bem, primeiro, para a gente entender de onde vem esse preconceito da saúde mental relacionado com loucos. Primeiro, a gente precisa lembrar da trajetória do Freud, que é o pai da psicanálise. O Freud era um médico psiquiatra. No fim do século XIX e início do século XX, as doenças mentais eram de pessoas que tinham problemas fisiológicos, ou seja, tinham problemas de malformação do cérebro. Pessoas que jamais iriam se curar.

Freud percebeu que tinham pessoas, principalmente as mulheres, histéricas que não andavam, se movimentavam. E aí ele começou a se interessar pela formação e funcionamento da mente.

O que estava sendo arquitetado para que aquelas mulheres tivessem aquelas dificuldades. E aí ele criou a psicanálise. E essa acabou sendo uma ferramenta utilizada pelos médicos psiquiatras, principalmente, para acessar o inconsciente.

Depois essa psicanálise se propagou e foi bastante difundida.

Muitas pessoas que não eram médicas, começaram a praticar a psicanálise até que o Freud achou fenomenal as pessoas ajudarem outras pessoas a se curarem mentalmente.

Mas, indo agora para essa questão do autocuidado, vamos dizer assim que até o século XX e, nós já estamos no século XXI, E no vigésimo quinto ano do século 21, vamos dizer que até o século passado, realmente existia uma questão do cuidado mental, ainda muito relacionado com a questão da falta de equilíbrio mental, o mal funcionamento, essas coisas assim. E, com o século XXI as coisas acabaram melhorando. A saúde mental entrou na pauta de empresas do autocuidado.

Hoje, o cuidado com os jovens é muito importante para que todo mundo funcione da melhor forma possível.  As pessoas estão dando mais valor a necessidade e benefícios que esse cuidado traz com a saúde mental.

E, quantas pessoas estão sofrendo de ansiedade, crise do pânico ou que estão vivendo com burnout e depressão. São muitas e as pessoas estão sendo afetadas, por não terem ou não conseguirem esse equilíbrio mental que vem através da terapia.

E a gente diz que o nosso inconsciente tem todas as respostas. Então é muito importante esse autoconhecimento, para você aproveitar e conhecer tudo aquilo que é bom e que você absolutamente não sabe, até porque muitas vezes você vive se desvalorizando. E é justamente aquilo que vai te alavancar sua vida.

Obviamente, aquilo que está te atrapalhando, vai virar uma bola de neve. E aí, de repente você fala. Ah, mas sempre foi assim. Ai, comigo nunca dá certo. Aí vem as repercussões. Lembra da hiena?

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: É o famoso:  “Oh céus, oh vida, oh azar? Isso não vai dar certo!”, a famosa frase da Iena do desenho animado Lippy & Hardy

Marlene Maytorena: Ó céus! Ó vida, a gente falando que o problema é o destino. Não, não é o destino, Não!

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Eu tenho certeza. Ou seja, somos o que pensamos, ou não?

 

Marlene Maytorena: Sim.  O Verbo tentar não existe. Ou você está pegando, ou você não está pegando. Então tem gente que muitas pessoas acordam e falam. Ah, eu vou tentar comer. Eu tento fazer. Eu tento estudar. Eu tento ir para a academia. E não consigo.

Você não está tentando nada, porque o verbo deve ser: Eu vou.

Eu vou para a academia. Eu vou comer melhor. Vou comer de uma forma mais saudável.

Então os verbos têm que mudar para verbos de ação. 

O verbo tentar, te faz ficar no limbo. Você fica entre o céu e o inferno, porque aquele que só tenta não tem resultado algum. Bora agir!

É isso que trago muito na minha clínica psicanalítica. Eu falo para o meu cliente e paciente: com o verbo tentar você não resolve nada. Você precisa ter verbos de ação. E quando a pessoa aceita, dentro da estrutura psíquica do ego, ela reconhece e entende.

Mas, existem pessoas que efetivamente não conseguem entender. Existe uma força muito maior dentro dela que fala assim:  Eu sei que eu preciso acordar, mas não consigo. Tem algo que me segura...

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: E como que a gente pode agir com essa pessoa, como podemos ajudá la?

Marlene Maytorena: Então, quando existe essa força maior, a terapia psicanalítica é a melhor forma de você entender. Aonde é que está a tua trava? Por quê? É preciso entender o seu histórico de vida. Isso devido a alguma coisa que pode ter acontecido, quando era criança, adolescente e que causa essa influência externa. 

E aí a minha pergunta é: por que você se deixou influenciar por esse meio, por essa pessoa e por esse grupo social? E cada pessoa tem a sua história. Cada pessoa tem a sua vulnerabilidade.

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Marlene, você é consequência das pessoas que estão ao seu redor?

 

Marlene Maytorena: Sim. Existem grupos sociais, que nós conseguimos nos distanciar, tais como: no ambiente de trabalho, com aquele grupinho, aquela panelinha que sempre reclama da empresa, sempre reclama de alguma coisa. Esses grupos você consegue se distanciar.

Grupos de amigos. Os verdadeiros amigos são muito parecidos com você. Você escolhe quem é parecido. E agora digo como engenheira: positivo fica com positivo. Negativo, fica com negativo.

A escolha é sua.  

Mas, tem um grupo social muito complicado: a família. O que a gente faz quando algum membro da família só reclama. Não dá para se desfazer de pai, mãe ou de irmãos. Às vezes, do cônjuge ou do filho, né? E aí, o que fazer aí?

Eu digo o seguinte: Se conhecer. Eu sempre parto do princípio que tem que ter o autoconhecimento para que a gente possa se relacionar com o outro. Não adianta jogar no outro, toda responsabilidade. Por que senão é a transferência da culpa.

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: É a vitimização?

Marlene Maytorena: O outro é que tem que mudar. Não, eu digo que tudo é como se fossem as regras da comunicação. Se eu quero me fazer entender, eu tenho que primeiro trabalhar a minha comunicação. Será que eu estou falando corretamente? Estou expressando bem as minhas ideias. Será que o meio que eu estou utilizando não tem nenhuma interferência. Se eu vejo que a Adriana não entendeu, devo perguntar e reformular os pensamentos.

Tá bom? Não sou eu o problema, o que está acontecendo é com o outro. Então recomendo a terapia, para aplacar sua dor e melhorar esse relacionamento.

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: E isso no meio empresarial também.

Marlene Maytorena: Também. Ninguém precisa sofrer para trabalhar. E uma das coisas mais tristes é quando o profissional sofre por falta de ferramenta ou falta de conhecimento de uma ferramenta, e isso gestores que estão aí nos vendo. Isso é de competência da empresa. Se a competência necessária, ela é importante e melhora a produtividade. Por favor, deem isso aos seus colaboradores. Além de deixá-los mais felizes, também vai deixá-los mais produtivos, com desempenho melhor.

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Muitas vezes, os donos das empresas repassam a responsabilidade para alguns gerentes e existe o conflito, porque se o gerente ver que o seu colaborador sabe mais do que ele, existe o medo de perder seu espaço. O que fazer?

 

Marlene Maytorena: Eu diria que essa pessoa precisa fazer urgentemente terapia, porque essa pessoa vai se tornar escrava da posição que ocupa.

Trabalhem as suas equipes de forma que alguém ali esteja preparado para um dia ocupar o lugar que desse profissional.

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: E para uma empresa realizar a saúde mental dos seus trabalhadores, quanto tempo é necessário para esse tratamento?

Marlene Maytorena: Adriana, existem muitas pessoas, no comecinho da doença, que quando participam de workshops ou palestras falam que o workshop mudou o rumo da sua vida.

Mas, isso não é uma receita que funciona para todo mundo. Sempre digo que dentro de uma curva existe uma pequena parcela da população que consegue em pouco tempo, às vezes uma sessão ou em um workshop, mas, num curtíssimo espaço de tempo tem um grande resultado.

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: É um processo?

Marlene Maytorena: Sim. É um processo. A maioria das pessoas, precisam de um tempo maior para ter uma saúde mental e emocional equilibrada. E, que cada um tenha essa conscientização e vá buscar no seu próprio desenvolvimento pessoal e não delegue sua responsabilidade para ninguém.

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Todos nós nascemos E em alguma fase da nossa vida, existe algum problema, que a gente tem que parar, pensar, respirar e descobrir o que está nos bloqueando. Então nada melhor do que uma terapia. E não levar uma vida inteira pensando:  eu nasci assim. Eu vivi assim. Não. A gente pode mudar. E a gente só muda através de uma terapia. Quero agradecer você muito, Marlene, por esse bate papo. Coloco a Rota do Turismo sempre à sua disposição.

Marlene Maytorena: Estou à disposição. Seria um prazer trabalhar aí com você. Você é uma pessoa fantástica. Mas, todo mundo deveria percorrer esse caminho, uma vez que cresce, a sua mente cresce e não voltaria a um estágio anterior. E eu acho que não tem nada mais gratificante do que nós sabermos e reconhecermos nossos valores. Nós não termos medo de falar das nossas fraquezas, daquelas coisas que não são tão bacanas, mas, que nós estamos trabalhando para sermos melhores. Eu acho que a gente nasceu para sair daqui melhor do que entrou. Não é possível que você não tenha engrandecimento, seja ela profissional do aspecto cognitivo de pensamento, que o torne grande ou bom naquilo que você faz. E também não tem uma forma de você não crescer emocionalmente. Você ser uma boa pessoa, né? Você ser bom em todos os papéis que você desempenha na sociedade. Então acho que isso que nós temos como missão, sermos felizes e sermos bons em tudo aquilo que a gente faz.

 

Adriana Fagundes - Rota do Turismo: Muito obrigada, Marlene. Foi um prazer te receber.

M M: Eu que agradeço. Mais uma vez, muito obrigada pelo convite.

 

 

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